Nesse meu novo papo com você, leitor, gostaria de iniciar com um relato pessoal. Esse ano assumi o desafio de viver entre o Brasil e um novo país, dando continuidade aos meus negócios, projetos, pesquisas no país e abraçando também uma nova cultura, uma nova dinâmica social e todas as mudanças que nos acompanham quando tomamos grandes decisões em nossas jornadas profissionais e de vida.
Muitos colegas e amigos me questionaram sobre o porquê de tal decisão, uma vez que, no Brasil, tive a honra de construir uma carreira bem-sucedida em grandes organizações e estruturar uma rede de networking sólida que me apoiou na condução de diversos projetos.
A resposta para essa pergunta, como tudo que importa na vida, possui vários direcionamentos, mas posso resumi-los em uma sentença: ao longo de minha história, sempre me desafiei a sair de minha zona de conforto e a correr atrás de meus objetivos, não importa quão distantes ou “loucos” eles parecessem para o senso comum.
Além disso, diante da possibilidade que a digitalização da economia nos abre e dos novos modelos organizacionais que surgem no mercado, nos quais o work from anywhere é tão viável quanto o trabalho em um escritório tradicional, o desafio de fazer a ponte aérea com um novo país, sem abrir mão de meus projetos no Brasil e ampliando a possibilidade de novos projetos internacionais, fortaleceram minha decisão de dar esse novo passo.
A coragem para a mudança
Esse relato pessoal, por sua vez, serve de pano de fundo para um tópico que acho preponderante na formação de uma carreira de sucesso: a atitude e a coragem para a mudança.
Para elucidação, pensemos nos candidatos para uma vaga executiva disputada em uma multinacional. O que irá diferenciar os candidatos quando todos possuem uma excelente formação e passagens promissoras por outras empresas? É aí que entra a atitude, o mindset positivo, a certeza de que, dando nosso melhor, podemos nos diferenciar e trazer algo de novo, autêntico e disruptivo para uma organização.
Sim, a educação é um elemento determinante para qualquer profissional que almeja o crescimento, mas essa atitude transformadora, essa capacidade de adaptação frente às mudanças e desafios do mercado, aliada ao anseio de se aprender continuamente, são elementos que, além de acessíveis a todos, podem ser a cereja do bolo em uma trajetória de conquistas.
A abertura para a mudança como mindset
Aqui, é importante deixar claro que estar pronto para mudanças e novos desafios não se traduz apenas em uma mudança de cidade ou de empresa.
Muitos profissionais podem construir uma carreira sólida de vários anos dentro de uma mesma organização que, longe de ser pautada por comodismo, é construída a partir de um viés de evolução, crescimento contínuo e abertura para novas possibilidades.
Em diferentes organizações nas quais trabalhei, conheci executivos, CEOs e presidentes que entraram naquelas empresas como estagiários. E isso também é movimento que exige preparo, força, coragem e atitude.
O próprio processo de transformação digital e cultural das empresas (com mais abertura para a diversidade e para um diálogo franco entre líderes e talentos) exige dos novos profissionais uma atitude, um mindset que encara a mudança como a regra, e não a exceção dentro de um ambiente de negócios dinâmico.
Intraempreendedorismo no radar
Estimular uma mentalidade de abertura para a transformação, vale salientar, é um objetivo interessante para as lideranças que querem fomentar em suas empresas um espírito intraempreendedor, tão necessário para os movimentos de inovação (sejam eles internos ou por meio de parcerias de open innovation).
Fato é que, com o dinamismo e novas possibilidades no mercado, profissionais e novos líderes podem trazer uma postura empreendedora também para a realidade das organizações onde já atuam, chegando, inclusive, a se tornarem sócios de negócios onde trabalham por meio dos modelos de stock options criados para a fidelização de colaboradores.
Assim, a inovação, a formação de novos líderes e manutenção de talentos nas companhias passam a ser metas críveis para organizações que abraçam a atitude transformadora de seus profissionais.
Abraçando o sucesso
Em alguns casos, aliás, essa mesma atitude é o fomento para a superação dos cenários mais adversos e para a abertura de oportunidades que pareciam impossíveis – é só lembrarmos da história de Chris Gardner (que inspirou o filme À Procura da Felicidade, estrelado por Will Smith), e tantos outros empreendedores, criadores e inovadores que mudaram suas histórias pela força da atitude.
Atitude que deve caminhar em conjunto com a coragem. É preciso não temer o sucesso – que, no fim das contas, é a capacidade de sermos a nossa melhor versão, de darmos o nosso melhor, sem medo de trilharmos a jornada em prol da conquista daqueles objetivos que, de fato, sonhamos e que sim, podem parecer um risco ou até loucura para alguns.
Mas não existe vida plena sem riscos e, como bem disse Aristóteles, “nunca existiu uma grande inteligência sem uma veia de loucura”.