“Se você não traçou um plano para você, é possível que viva o plano de outra pessoa e descubra que essa não é a direção que almejava seguir.” A reflexão, do célebre empreendedor e palestrante motivacional norte-americano, Jim Rohn, é um norte interessante para analisarmos um tópico que considero essencial na construção dos propósitos de uma existência. Me refiro, justamente, a capacidade de nos arriscarmos, de vivermos com coragem aquilo que encaramos como nosso ideal de vida.
E por que falo de coragem? Porque a grande realidade é a de que sonhos, temos todos, mas quantos de nós têm a resiliência necessária para superar os desafios que toda jornada nos apresenta e, indo mais além, o quanto estamos dispostos a dizer não para outras oportunidades – que, dentro de uma série de contextos, podem ser extremamente significativas e valorosas – e a abrir mão de outras rotas ou mesmo fazer sacrifícios em prol de um bem que, para nós, dará o verdadeiro sentido para nossas histórias?
Sobre esse ponto, é interessante observar, por exemplo, que a economia tem um conceito que casa com esse pressuposto da resiliência diante de nossas escolhas. Estou falando do conceito de opportunity cost. De modo resumido, o custo de oportunidade envolve, basicamente, tudo aquilo que abdicamos diante de uma escolha. A partir desse raciocínio, toda escolha é também uma renúncia – seja monetária, sentimental, de carreira etc.
Mas, a partir do momento que não temos a força de dizer não, corremos o risco de perder as oportunidades que, de fato, correspondem aos nossos sonhos e nos arrependermos por sequer termos tentado.
O livro A Redoma de Vidro, da escritora Sylvia Plath, aliás, traz uma metáfora brilhante sobre essa questão ao ilustrar o caso da personagem que, diante de uma figueira em que cada galho representava uma possibilidade (um matrimônio feliz, uma viajante aventureira, uma professora renomada) acaba por não conseguir se decidir e vê os figos, por fim, morrerem. Em outras palavras: ao seguirmos nossos propósitos, podemos frutificar conquistas que se traduzirão em uma vida plena e realizada.
O balé da existência
Para tanto, precisamos também nunca nos acomodarmos e, quanto antes traçarmos nossos planos maiores, melhor. Visando elucidar esse cenário, trago a história de minha sobrinha e afilhada, Amanda Gomes.
Com 7 anos, Amanda passou a frequentar uma escola de ballet e, a partir do momento em que se deu conta de que aquela poderia ser sua profissão, sua carreira, Amanda decidiu que era aquilo que queria para a sua jornada. E, com aproximadamente 9 anos de idade, ingressou para a concorrida Escola do Teatro Ballet Bolshoi no Brasil. Com o tempo, seu plano ficou ainda mais claro: seu objetivo principal passou a ser tornar-se bailarina profissional na Rússia, principal celeiro do ballet em todo o mundo. Mesmo tão jovem, ainda criança, sua determinação a levou onde planejou e mais, transformou a vida da família que investiu tempo, amor e resiliência na jornada da filha e assim, juntos, mudaram de cidade e apostaram no talento, garra, fé e coragem da Amanda.
Até que conquistasse esse objetivo, Amanda teve que renunciar a uma série de chances que, para muitas garotas como ela, seriam o sonho de uma vida (lembrem-se do conceito de opportunity cost). Foi assim que, por exemplo, Amanda recusou oportunidades de seguir com seus estudos de ballet nos Estados Unidos e na Suíça. “Eu estudei ballet com os russos, método Vaganova, meu objetivo é ser primeira bailarina na Rússia!”, dizia ela com convicção.
De Goiás para o mundo. Foi assim que foi noticiado nos Jornais, revistas, Programa Encontro com Fátima Bernardes, Jornal Hoje e tantos outros, a conquista da Amanda Gomes. Essa jovem mulher bailarina que nos emocionou com seu planejamento e determinação. E aos 19 anos Amanda recebeu, enfim, o convite que tanto esperava e hoje, com apenas 25 anos, praticamente seis anos na Rússia, coleciona condecorações e honrarias de sua força de vontade, foco e resiliência, levando o nosso Brasil a liderar a arte no país da dança Clássica. De muitas premiações, destaco as últimas:
- Em 2016, foi medalhista de ouro da Competição Internacional de Ballet de Varna, na Bulgária, uma das principais competições de ballet do mundo;
- Em 2018/2019, foi indicada ao “Benois de la Danse”, competição internacional com sede em Moscou;
- No mesmo ano, participou do principal reality show da TV Kultura Russa “Bolshoi Ballet” e foi a vencedora, deixando para trás diversos nomes do ballet mundial, inclusive o Russo.
- Estudou na Escola Bolshoi onde se formou e fez parte da Companhia jovem, e hoje é PRIMEIRA BAILARINA da Opera de Kazan com diversos espetáculos por países da América Latina, EUA, Europa, Rússia, dentre outros.
Seguindo o caminho dos seus sonhos
Como Amanda, outros conquistadores e conquistadoras tiveram o ímpeto de viver seus ideais existenciais, mas, muitos também desistiram no meio do caminho. E aqui não se trata de um julgamento e sim, de sabermos o que queremos para nós e nos darmos a oportunidade de vivenciarmos nossos sonhos.
Não somos frutos do meio, somos frutos de nossas escolhas e devemos encará-las com força, fé, foco e resiliência, parafraseando Jim Rohn, que citei no início, para não vivermos uma vida comum, temos de estar dispostos a arriscar em prol do extraordinário.