Quem não deseja caminhar ao lado das pessoas que mais nos inspiram? Esse anseio envolve uma busca particularmente humana por trocas culturais valiosas, diálogos repletos de riqueza e significado, e por um aprendizado mútuo que nos eleva enquanto pessoas.
Naturalmente, estamos falando de um movimento que requer, antes de tudo, um exercício de humildade – sobretudo no âmbito da liderança. Um bom líder é, afinal de contas, também aquele que é capaz de reconhecer com equilíbrio tanto suas virtudes quanto suas fraquezas. Isso lhe permite ter mais domínio sobre a sutil arte de saber delegar e de formar colaboradores que serão não só alicerces de suas equipes, mas futuras lideranças.
E não falo da humildade por acaso: no universo mercadológico, é muito comum o receio diante da excelência. Seja por medo da competição, de “ficar para trás” ou por uma visão mais autoritária/conservadora de liderança, há aqueles que, mesmo em prejuízo do desempenho de seus times, adotam modelos de gestão centralizados, baseados no microgerenciamento e incapazes de deixar aflorar os talentos e novos líderes em suas áreas.
E um dos grandes legados que podemos deixar para uma empresa envolve a inspiração de pessoas e a contribuição para o desenvolvimento de novas lideranças. Assim, quando abrimos mão do medo da excelência e temos a humildade de reconhecer as virtudes do outro, podemos colher muitos frutos para nossa trajetória profissional e para o alcance dos objetivos de um negócio. Ou, como bem disse o poeta indiano Rabindranath Tagore, “quanto maiores somos em humildade, tanto mais próximos estamos da grandeza”.
Os frutos da excelência
Os benefícios, em termos de produtividade, eficiência e geração de resultados que estão atrelados à construção de uma equipe excelente, são bastante óbvios e estão suficientemente documentados em diferentes estudos e pesquisas. No entanto, há ganhos estratégicos e relacionados ao clima organizacional que, embora mais sutis de serem identificados, podem ser determinantes no processo de engajamento e fidelização.
Sobre esse ponto, um interessante estudo de 2021 do psicólogo comportamental Ron Friedman identificou cinco valores que são fortalecidos quando trabalhamos – e, consequentemente, quando líderes se esforçam por formar – com equipes de alta performance:
- A comunicação é mais fluida e os colaboradores dialogam mais entre si por diferentes canais, favorecendo a integração dos times;
- As reuniões de equipes de excelência são mais produtivas e alinhadas com a estratégia do negócio;
- Times de excelência criam conexões genuínas;
- São equipes que sabem reconhecer e valorizar o trabalho de seus colegas;
- Equipes de excelência são mais autênticas.
Dentro desse contexto, o pesquisador reforçou ainda que, para que um líder forme equipes de alta performance, além de escolher as pessoas certas, é importante criar espaços que favoreçam o fortalecimento dos laços, trocas e conexões entre os colaboradores.
Devemos, nesse sentido, derrubar os muros que nos separam e incentivar diálogos produtivos, trocas de valor e um ecossistema no qual o reconhecimento não é temido, mas impulsionado.
Abrindo caminhos para novas lideranças
Assim, consequentemente, abrimos possibilidades para a formação de novas lideranças, passo que, se por um lado, é um legado inestimável, é também um dos maiores desafios no cotidiano das grandes corporações.
De acordo com o estudo Leadership Transitions Report 2021, da DDI, por exemplo, mais de um terço dos líderes entrevistados descreveram seu processo de transição para um posto de liderança como extremamente ou muito estressante. Além disso, 37% desses executivos apontaram sinais de esgotamento relacionados ao trabalho.
Facilitar esse processo transitório é mais um dos ganhos que obtemos quando escolhemos colaboradores tão ou mais capazes que nós para integrar nossas equipes.
O equilíbrio entre soft e hard skills
Mas o que é ser capaz do ponto de vista profissional? Quando observamos as listas das habilidades mais procuradas no mercado, é possível observar um mix entre hard e soft skills que também está na base dos fundamentos de uma equipe de excelência.
Uma pesquisa da ZipRecruiter divulgada no ano passado apontou virtudes que incluem tanto comunicação, flexibilidade e independência, quanto skills de gerenciamento de projetos e pensamento analítico.
No fim das contas, a excelência é mesmo uma medida de equilíbrio que se relaciona, sobretudo, com a abertura para o desenvolvimento contínuo: pois sempre podemos evoluir e, quando escolhemos estar ao lado daqueles que são humildes o bastante para se aprimorar, nos inspiramos a dar mais um passo em prol de nosso próprio avanço.
Este artigo foi publicado pela revista Gestão RH.
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