O papel das lideranças informais para o fortalecimento cultural nas empresas

Poucos legados na trajetória de um líder são tão significativos e capazes de perdurar quanto a formação de novas lideranças. Porque formar uma liderança e contribuir para a lapidação de um profissional ao longo de sua carreira está diretamente ligado ao ato de inspirar pessoas a evoluírem, a perseguirem seus sonhos e a fortalecer valores que, muitas vezes, rompem os limites do ambiente corporativo e florescem na história de pessoas advindas de diferentes contextos, as quais se tornam mais capazes de enfrentar os desafios da vida em sociedade e de abraçar oportunidades de crescimento, ao passo que elas próprias inspiram o seu entorno, difundindo um ciclo positivo de transformação.

Mas o fato é que diferentes caminhos podem ser traçados nesse processo de formação de novas lideranças, e hoje gostaria de tratar do papel dos gestores em identificar, apoiar e aprimorar talentos que se posicionam como lideranças informais dentro do cotidiano de uma empresa.

Sim, pois a liderança vai muito além da construção de relações verticais de hierarquia – pense, por exemplo, em quantas vezes, no curso de sua vida profissional, você não se deparou com líderes que não pareciam prontos para assumir aquele posto, enquanto um colega de equipe exercia uma influência direta no ânimo e desempenho do time? – e está ligada a diferentes fatores emocionais, de postura e conhecimento que são tão ou mais determinantes que um cargo na sutil arte de inspirar pessoas.

Afinal de contas, como bem observou, o estadista e sexto presidente norte-americano, John Quincy Adams, “se suas ações inspiram outras pessoas a sonharem mais, aprenderem mais, fazerem mais e serem mais, você é um líder” – e essa virtude, não tenha dúvidas, independe de um título.

O perfil e a importância das lideranças informais

Mas como mapear líderes informais em uma empresa? Primeiramente, é importante revisarmos, brevemente, o conceito de liderança informal. Uma reportagem recente da Você RH destacou, por exemplo, que os líderes informais são aqueles que exercem influência direta sobre os pares de equipe, mesmo que sem possuir um cargo formal de comando. Além disso, são profissionais que, com um olhar minucioso e justamente por viverem os desafios do cotidiano organizacional, podem atuar como pontes entre os gestores e seus times no processo de engajamento em prol da conquista de resultados.

Dentro desse processo vale a pena, por exemplo, analisar o engajamento de membros da equipe em treinamentos internos – o líder informal tende a ser naturalmente interessado pelo próprio crescimento na empresa –; incentivar e disponibilizar junto aos gestores de recursos humanos cursos, mentorias e palestras focados na formação de lideranças; e, sobretudo, manter as portas abertas para o diálogo e orientação que podem ser realizados tanto em rotinas formais, como as de feedback, quanto em momentos de troca do dia a dia na empresa.

O fortalecimento cultural não depende só de você

Vale salientar ainda que, mais do que um ato altruísta da liderança formal, o estímulo à formação de novas lideranças traz resultados práticos para o sucesso de um negócio. O estudo Organization Network Analysis, da Deloitte, ressaltou, por exemplo, que as lideranças informais têm um papel decisivo na construção de uma cultura colaborativa nas empresas, fortalecendo laços e contribuindo para um desempenho mais eficaz nas equipes.

E esse entendimento, vale salientar, vem sendo atestado ao longo das últimas décadas: já em 2008, uma pesquisa sobre o papel da liderança informal na comunicação interna, publicada na Revista Brasileira de Marketing, identificou que 70% do aprendizado organizacional advém da comunicação informal entre colabores.

Tal cenário se mostra evidente quando entendemos que, por mais presente que seja um gestor, o contato diário com colegas de trabalho é contínuo e, nesse sentido, lideranças informais podem ser a peça-chave para o engajamento e adesão das equipes aos objetivos organizacionais de uma companhia.

Assim, o último passo que devemos vencer é a “auto resistência”, o “medo do crescimento do outro”, pois líderes verdadeiros se sentem estimulados em formar novas lideranças e sabem que a história de uma empresa é formada por continuidade e mudança. Além disso, líderes natos terão sempre valor, espaço e poderão transmitir conhecimento, independentemente dos caminhos que forem trilhados em suas carreiras. Esteja, pois, pronto, para também ser a ponte inspiradora de transformação que fortalecerá o seu legado por onde quer que você passe.