Felicidade… poucos temas motivaram tantos filósofos a refletir e inspiraram tantos poetas em seus versos. Não por acaso, a busca por uma vida feliz está no centro dos anseios humanos. Mas o que define esse tema que é, ao mesmo tempo, tão misterioso e por vezes se traduz nos momentos mais simples de uma existência? A verdade é que não há uma concepção única de felicidade. Da mesma forma que cada ser é uno e especial por si só, diferentes são as motivações que nos trazem momentos felizes e de plenitude.
Na concepção aristotélica, por exemplo, a felicidade é encarada como a finalidade principal das ações humanas, o bem supremo, e o filósofo grego reforçava a noção de que, para seguirmos uma jornada feliz, nossa alma tem de estar alinhada com a busca pela virtude. A tradução desse conceito dialoga diretamente com uma ideia de que sempre gosto de reforçar: ao vivermos segundo nossos propósitos e ideais — construindo caminhos e seguindo resilientes na direção de nossos objetivos — estamos percorrendo o caminho da felicidade.
Mas esse caminho brilha também a partir de outros prismas. Durante nossas trajetórias, é fundamental que sejamos capazes de nos alegrarmos e, sempre que possível, contribuirmos com a felicidade do outro. É esse o sentido, por exemplo, que extraio da reflexão do célebre escritor russo Léon Tolstoi, quando dizia que “a alegria de fazer o bem é a única felicidade verdadeira”, ou aquilo ao que o também escritor português, Alexandre Herculano, se referia quando afirmou que “o segredo da felicidade é encontrar a nossa alegria na alegria dos outros”.
Por esse prisma da “felicidade na felicidade do outro”, há mais um valor que, na minha visão, devemos difundir enquanto líderes e cidadãos nas nossas carreiras e nas nossas vidas: falo da empatia, da arte de enxergar a si mesmo no próximo e de, consequentemente, sentir contentamento quando contribuímos para o compartilhamento da felicidade entre nossos semelhantes.
Trazendo outra luz sobre o princípio de uma vida feliz, é importante que tenhamos em mente que, ao mesmo tempo em que precisamos nos guiar por grandes objetivos, propósitos e virtudes, é fundamental que saibamos extrair alegria de cada simples momento de nossas histórias, inclusive com os momentos difíceis e com os desafios que fazem parte de toda jornada: só com um olhar de alegria para cada simples instante poderemos viver todo momento como se fosse único e fazer da felicidade algo constantemente presente para nós e para os outros, pois, como disse o jornalista francês, Nicolas de Chamfort, “um dia sem riso é um dia desperdiçado”.
Por fim, uma vida feliz é também uma vida de coragem. Só com determinação poderemos encarar os percalços como fontes de aprendizado e teremos a força necessária para vencermos cada obstáculo sem perdermos, em contrapartida, o dom de sorrir, de nos mantermos motivados para buscarmos nossos sonhos com afinco e, diante de um tropeço, termos também a capacidade de nos reerguemos sem abrir mão de nossos valores. Coragem, aliás, foi a virtude que guiou líderes como Martin Luther King, que uma vez disse “que preferia na chuva caminhar, que em dias frios em casa me esconder”.
Quando trazemos conosco essa união de princípios — busca pela virtude, resiliência, empatia, alegria e coragem — penso que carregamos a bússola capaz de nos guiar pelo caminho da felicidade e da certeza de que nada pode abalar aqueles que sabem o que querem para si. É a partir de tais convicções que nos aproximamos, por fim, da autorrealização — último estágio da pirâmide de Maslow — e do próprio estado de nos sentirmos plenos e em paz, ou, como observou Goethe, “na plenitude da felicidade, cada dia é uma vida inteira”.
E você, qual caminho irá traçar em 2022?