Quando líderes se tornam educadores: insights sobre a metodologia Lego Serious Play

Em uma das tantas reflexões brilhantes que Albert Einstein deixou como legado para uma humanidade, junto de suas descobertas no campo da mecânica quântica, há um famoso insight que deveria ser absorvido por todo líder que deseja navegar nos mares disruptivos do ambiente de negócios contemporâneo: “insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes”.

E quantas vezes nos pegamos nesse espaço, não é mesmo? Nessa zona de comodismo – e não de conforto – que nos faz repetir, de modo quase autômato, processos e rotinas. Ocorre que, se não ousamos olhar para fora, para além das leituras habituais, das metodologias de gestão já consagradas, das reuniões infinitas – que discuti em tema recente – em que nada se resolve, no mercado atual, corremos o risco de nos tornarmos obsoletos.

São tantas as transformações – digitais, culturais, comportamentais e socioeconômicas – que, por sua vez, impulsionam o surgimento de novos modelos de negócio, novos paradigmas gerenciais e, sim, novas demandas para os líderes que, de tempos em tempos, precisamos revisar e renovar nossos caminhos enquanto também buscamos conduzir, com o máximo de nosso talento, organizações e pessoas.

Ao mesmo tempo, nesses tempos ágeis, parece cada vez mais necessária a abertura para o ludismo, para a criatividade humana, para a comunicação e para o reforço da ética e colaboração nas relações com o outro; valores e skills que, afinal de contas, são os que nos diferenciam das máquinas e colocam um pilar humano na era da revolução da inteligência artificial.

Levando em conta esses insights, hoje, em minha nova conversa com você, leitor, lanço uma perspectiva para o Lego Serious Play, metodologia criada na segunda metade dos anos 1990 pelos pesquisadores Johan Roos e Bart Victor – que buscavam, justamente, alternativas mais fora da caixa e novos resultados no universo do planejamento estratégico – que vem ganhando holofotes do mercado nos últimos anos, graças ao seu potencial de, concomitantemente, abrir espaço para a inovação e para o que há de mais humano em líderes e talentos.

 

Colaboração, comunicação, criatividade e novas ideias para um novo mercado

De modo objetivo, o Lego Serious Play consiste em uma metodologia que, a partir da introdução de cenários/desafios pelos facilitadores da dinâmica, todos os participantes criam respostas e caminhos para aquele contexto, tendo como fundamento base a comunicação ativa, transparente e sem bloqueios e uso das peças de Lego.

Nessa lógica, todos participam e interagem dentro de um processo colaborativo e dinâmico no qual a imaginação é estimulada e a capacidade de resolução crítica de problemas se condensa a um terreno no qual o brincar se torna aprendizado e líderes viram educadores.

Os fundamentos do Lego Serious Play, por sua vez, são sólidos e partem de campos do saber que vão do construtivismo do pedagogo francês Jean Piaget – que lançou as bases do “aprender fazendo” para a educação –, passando pela neurociência e, não à toa, a aplicação do método que vem rompendo barreiras e trazendo uma nova visão para as dinâmicas de gestão de pessoas é multissetorial.

Nesse sentido, uma pesquisa conduzida na Universidade de Lugano, na Suíça, com empresas europeias, identificou a aplicação do Lego Serious Play em:

  • Processos de treinamento;
  • Consultoria/mentoria;
  • Formação e desenvolvimento de equipes;
  • Planejamento estratégico;
  • Pesquisa e desenvolvimento;
  • Estruturação de novos modelos de negócio.

O estudo constatou ainda benefícios do Lego Serious Play em mercados tão distintos quanto educação, indústria, administração pública, saúde e o mercado de comunicação? Mas que ganhos são esses e porque eles podem abrir novos horizontes em nossos caminhos de liderança? Observemos com mais atenção as virtudes dessa metodologia.

 

Os benefícios estratégicos do Lego Serious Play

Em um ambiente de negócios no qual a inovação se torna a bússola que guia o sucesso das organizações, faz todo o sentido que Lego Serious Play ganhe espaço nas empresas, uma vez que, a partir dele, soft skills tão fundamentais para o novo mercado são estimulados, como o pensamento crítico, o impulso criativo e a capacidade de propor soluções para hipóteses que, por exemplo, pode ser a chave na formação de colaboradores mais propositivos e que estimulam um ecossistema de novas ideias em uma companhia.

Mas seus benefícios vão além, pois ele pode fortalecer relações, trazer mais transparência no diálogo entre colaboradores, líderes e seus pares, e ainda servir como diretriz para a exploração de valores éticos, de compromisso com o outro, de empatia – que estão na base de um mercado no qual a inclusão e a diversidade tornaram-se, enfim, pilares.

Por fim, ao abrir as portas para o seu “eu-educador”, líderes ampliam seu escopo de autodesenvolvimento e aprendem, “em um sério brincar”, que é possível enxergar o crescimento (de resultados, pessoas e perspectivas) a partir de novos olhares.