No decorrer da minha história, sempre tive a firme convicção na importância de definirmos o sentido de nossas vidas e, a partir desse ponto fundamental, nos planejarmos e buscarmos os caminhos, conhecimentos e oportunidades para que nossos maiores objetivos sejam alcançados.
Essa pauta será tema de meu próximo artigo, mas, hoje, gostaria de dividir com vocês outra reflexão importante e que também está relacionada à construção de sentidos na existência humana. Estou falando da superação e da arte de sabermos transformar desafios e obstáculos que, muitas vezes, se interpõem nas nossas jornadas, em estímulos para o crescimento e para a ressignificação dos propósitos que nos guiam.
O fato é que, embora não possamos escolher o meio e os incentivos que irão nos cercar no início de nossas caminhadas, somos responsáveis por desenhar o mapa dos itinerários que poderão nos levar para um futuro próximo daquilo que sonhamos para nós.
Apenas para elucidação, há inúmeros exemplos na história de pessoas que, vencendo os maiores reveses que a vida poderia oferecer, tornaram-se expoentes de liderança, criatividade e de conquistas em seus respectivos campos de trabalho, interesse e pesquisa. De Oprah Winfrey a Halle Berry, passando por Walt Disney e J.K. Rowling, esses são apenas alguns dos casos de homens e mulheres que, com propósito e resiliência, souberam trilhar trajetórias vitoriosas.
Na outra via, quantas vezes não acompanhamos histórias de pessoas que, rodeadas das melhores oportunidades, boa influência familiar e educação de qualidade, perderam-se em seus caminhos ou mesmo escolheram vias fora de um eixo ético, de compromisso com bons valores e com a cidadania?
Afinal de contas, como disse o neuropsiquiatra austríaco, Viktor Frankl – criador da logoterapia e da análise existencial, que busca reforçar o sentido da vida dos pacientes – “tudo pode ser tirado de uma pessoa, exceto uma coisa: a liberdade de escolher sua atitude em qualquer circunstância da vida.” Vale lembrar que o próprio Frankl foi perseguido na Segunda Guerra Mundial por ser judeu e passou por diferentes campos de concentração, transformando essa experiência de dor, em mote de sua filosofia e terapia.
Os obstáculos do caminho
Mas e quando, mesmo com um propósito bem definido, crença em nosso potencial e valores bem estabelecidos, nos defrontamos com alguma barreira que parece intransponível ou mesmo que é capaz de mudar, em maior ou menor grau, o curso de nossas histórias?
Nessas situações limítrofes, na minha visão, há a possibilidade de ao menos dois caminhos tão ou mais valorosos: reforçarmos os objetivos que nos movem ou ressignificá-los, de acordo com nossos ideais, que podem ganhar ainda mais potência criadora. Peguemos, por exemplo, o caso de Malala Yousafzai. Desde muito jovem, Malala foi uma defensora dos direitos das mulheres e da educação em uma região do Paquistão, seu país, que foi dominada pelo grupo terrorista dos Talibãs.
Em 2012, com apenas 15 anos, foi baleada com três tiros ao sair de uma van escolar por um extremista ligado ao Talibã. Malala, diante de tal ocasião, teve muitas razões – plenamente justas e justificáveis para se recolher em sua luta – mas não só seguiu firmemente com seus ideais, como se tornou a pessoa mais jovem a ser laureada com o Nobel da Paz; hoje é uma palestrante, ativista e escritora mundialmente aclamada e, recentemente, fez a celebração de sua formatura em filosofia, política e economia na Universidade de Oxford, Inglaterra.
O poder de transformação
Transformar obstáculos em impulsos para o crescimento é o que diferencia aqueles que têm uma vida guiada pelo propósito e pelo sentido, daqueles que, infelizmente, se perdem em uma trajetória que poderia ser iluminada.
Há algum tempo, aliás, escrevi um artigo analisando a questão da antifragilidade, conceito do pensador líbano-americano Nassim Nicholas Taleb. Como bem frisa Taleb, a incerteza é algo presente, desejável e necessária para a evolução. Temos, pois, de transformar os riscos – presentes diante de qualquer escolha e, arrisco dizer, quanto mais grandiosos forem nossos sonhos, maiores serão os riscos – em fontes de aprendizado e de força-motriz para o nosso avanço.
Essa é uma bela forma de encarar a vida, não é mesmo? Sem medo dos desafios e cientes do poder de nossos propósitos. E você, como decidiu encarar sua história?