Abrir espaço para ouvir o próprio coração e ter coragem de admitir o término de um ciclo são atitudes essenciais ao protagonismo, na vida e na carreira. Não se trata de um caminho indolor, mas que traz em sua base uma convicção capaz de fortalecer as decisões e a jornada. A inquietude, por sua vez, funciona como mola propulsora para o novo. Além disso, é um eficaz antídoto à acomodação, tendo em vista que o medo do desconhecido continua a fazer muitos reféns, atando as pessoas à zona de conforto, por mais desconfortável que ela possa ser.
Quando bem trabalhada, a inquietude pode ser uma fortaleza, pois serve de estímulo para desbravar caminhos. Mal dosada, ela traz o risco da inconstância e da superficialidade, especialmente nesses tempos complexos, de acentuada volatilidade e de transformação permanente. Dar-se conta da real dimensão do ciclo, articulando interesses próprios aos da coletividade e da organização, permite agir com consistência, construindo legado.
Não há uma medida exata para a duração de um ciclo. Tudo vai depender da missão, das demandas e do contexto. O importante é se fazer presente por inteiro, independentemente de ser por um curto espaço de tempo ou por um período mais alongado. Vale lembrar que a inquietude deve pontuar todo o processo, pois contribui para a busca da transformação e para a determinação de fazer sempre o melhor. Nesse trilhar, possivelmente haverá momentos de tensão, decorrentes das diferentes modulações e formas de lidar com essa inquietação, traço de personalidade mais latente ou menos manifesto de pessoa a pessoa. É aqui que o diapasão preciso do líder faz toda a diferença para a qualidade do percurso, a excelência da entrega e o crescimento pessoal e profissional de todos os envolvidos.
Neste momento de pandemia, no qual vivemos a experiência da quarentena e do home office compulsório, somos instados a fazer reflexões profundas. A situação provocada pelo Covid-19 trouxe espaço para a reflexão, para PARAR e pensar. Essa dinâmica saudável e simples, que deveria ser parte natural do cotidiano, simplesmente vinha sendo negligenciada por muitos, devido à correria e ao ritmo alucinante das jornadas. Posso dizer que, com a experiência de mais de 25 anos em diferentes organizações, tenho plena convicção do valor desse “parar para pensar”, que deve ser entendido como estratégia de gestão responsável da carreira. Essa é uma atitude a ser interiorizada no dia a dia, como algo intrínseco ao processo de planejamento da trajetória profissional de curto, médio e longo prazos. Ao longo do percurso, existirão momentos de estresse e exaustão, durante os quais somos ainda mais testados, necessitando encarar com maior empenho o exercício do pensar. E, sempre que a vontade interior apontar o caminho da mudança, é preciso ponderar, planejar e refletir com toda a intensidade para, enfim, agir de forma segura, rumo à direção escolhida.
Por Lady Morais